“Quando eu era criança e assistindo a primeira edição do UFC, vi a Royce Gracie vencer sem desferir um soco sequer. Após assistir, junto com os amigos, brincávamos para ver quem lutava melhor. Como eu era o mais baixinho da turma, já tentava derrubar os outros assim como o Royce fazia, mas claro, sem técnica alguma”.
Foi dessa maneira que Raoni Tavares, que aos 35 anos e 11 sendo Faixa-Preta iniciou o Jiu Jitsu que transformou sua história de vida. Com 14 anos veio o primeiro passo ao início nas artes marciais:
“Após procurar academias, acabei treinando judô, pois era a única arte marcial disponível perto de casa. Fiquei poucos meses no judô, mas continuei procurando um lugar para treinar jiu jitsu”.
Mas foi estando em um ônibus com sua própria mãe que o atleta conheceu a primeira equipe que pode conhecer, de fato, o que ele buscava:
“Ela me apontou para a Academia Chute Boxe, que na época ficava na Rua Mário Tourinho, e disse: “Filho, não é isso que você está procurando? Olhei e respondi: É exatamente isso! Não via a hora de chegar em casa e ligar para a academia para pedir informações. No dia seguinte, já estava lá. Lembro até hoje do meu primeiro dia no tatame, com o Mestre Cristiano Marcello ministrando as aulas. Havia pessoas de todas as faixas e o tatame estava lotado. Às vezes, tínhamos que revezar para rolar, pois havia muita gente”, comenta Raoni Tavares.
Nas competições, estreitaram ainda mais os laços com o Cristiano Marcello, que na época era o responsável pelo Jiu Jitsu da equipe comandada por Rafael Cordeiro e Rudimar Fedrigo.
Quando Cristiano Marcello se desligou da Chute Boxe e criou a equipe própria, CM System, Raoni Tavares teve a vida mais focada em algo que passou de nacional para internacionalmente:
“Foi lá que passei boa parte da minha vida treinando, graduando e lecionando, o que hoje é minha principal ocupação. Graduei à faixa roxa e acabei me tornando instrutor naquela época. Pouco tempo depois, ouvi uma conversa de um faixa preta, cuja identidade desconheço até hoje, sobre a possibilidade de viver de jiu jitsu fora do país, nos Emirados Árabes. Aquilo se tornou uma obsessão para mim: a ideia de poder dar aulas e ter uma boa qualidade de vida, já que no Brasil era muito difícil viver dando aulas”, enfatizou Raoni.
Fora do Brasil, Tavares juntamente com Rafael Jesus partiram para Irlanda, no Reino Unido e por lá começaram juntos a aprenderem a falar inglês:
“Morávamos no interior e havia uma academia onde sempre que podíamos treinávamos e compartilhamos nosso conhecimento. Foi muito gratificante perceber o valor que o jiu jitsu tinha fora do país. Todos faziam perguntas sobre posições e técnicas”, comentou animado, mas o melhor ainda estava para vir:
“Ao retornar, passei por um período estranho, pois o reconhecimento pelo conhecimento dentro do tatame não era o mesmo que no exterior. Mesmo assim, voltei aos treinos intensos e acabei graduado à faixa marrom. Voltei a lecionar e após cerca de um ano e alguns meses, fui graduado à faixa preta, sendo o primeiro a ser graduado da faixa branca à preta com o Mestre Cristiano Marcello”.
Já sendo Faixa-Preta, surgiu mais uma oportunidade para o exterior: Dar aulas no Emirados Árabes, que durou apenas dois anos: “Rapidamente me inscrevi e uma semana depois já estava sendo entrevistado e aprovado para dar aulas para o exército. Foi um período ótimo, mas acredito que era muito jovem e não sabia lidar com a saudade da família, o que foi crucial para meu retorno. Desde então, faço parte do quadro de professores da CM System atuando como head coach na área do jiu jitsu, trabalhando com grandes atletas que participaram ou participam dos maiores eventos do mundo”, comentou Raoni Tavares.
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