Um dos maiores preparadores físicos para atletas de MMA é curitibano e reside há nove anos nos Estados Unidos, é responsável pela parte física do treinamento de diversos campeões dos maiores eventos do mundo, incluindo a campeã do UFC Amanda Nunes. Já trabalhou com mais de 100 atletas e já esteve envolvido diretamente em 14 disputas de cinturão, onde 10 consagraram-se campeões. A Primeiro Round conversou com Everton Oliveira, da American Top Team, uma das mais renomadas academias de artes marciais do planeta e conta como foi seu início nas artes marciais, sua relação com a “Leoa”, as dificuldades durante a pandemia e ainda sobre a importância do trabalho mental e do apelo midiático para atletas que almejam viver de luta. O preparador físico começa contando como e quando começou a trabalhar na ATT:
“Sou natural de Curitiba, formado em Educação Física com especialidade em treinamento esportivo e personalizado e também na área de treinamento mental para atletas. Recebi o convite de dois amigos que estavam abrindo uma filial da American Top Team, um deles é o Stephane Dias, que já era preparador físico por lá, para auxiliar eles no desenvolvimento desse projeto. Eu vim para ficar três meses, depois decidi ficar um ano, foi aí que minha vida mudou, comecei a trabalhar diretamente com o Antônio Silva (Pezão), pra luta dele contra o Alistair Overeem, aquela vitória excepcional que mudou minha vida completamente, voltei a atuar na parte prática como preparador físico e estou na ATT desde 2012”.
A pandemia do coronavírus mudou tudo no mundo no ano de 2020. Numa das maiores equipes de MMA do mundo não foi diferente. Porém, a estrutura e trabalho realizado por lá minimizou os efeitos negativos:
“2020 foi um ano bem atípico para todos nós e também bem desafiador, mas a ATT nos deu total condição de desenvolver o nosso trabalho. A estrutura é fora de série, conseguimos separar os atletas em grupos e praticamente não paramos, nos readaptamos e conseguimos desenvolver os trabalhos com todos os atletas sem distinção. A American Top Team conseguiu estar um passo a frente da outras equipes durante a pandemia”.
No próximo dia 6 de março, a brasileira e campeã Amanda Nunes coloca o seu cinturão em jogo no UFC 259 em Las Vegas frente a Megan Anderson. Aos 32 anos, a Leoa possui 20 vitórias e quatro derrotas na carreira e não é derrotada desde 2014, estando há 11 lutas invicta na organização. Everton Oliveira faz parte da preparação física da Amanda desde a chegada da brasileira na equipe e comenta sua relação com ela e sobre a nova fase que vive a lutadora:
“Trabalho com a Amanda Nunes desde que ela chegou na American Top Team e conseguimos desenvolver uma sintonia muito boa, ela entende e eu entendo ela. Amanda é uma atleta que se dedica muito como atleta, desenvolveu uma maturidade muito grande, ela entende muito bem o que ela precisa e nós como treinadores também entendemos quais são as prioridades, ela está treinando forte, curtindo esse momento da vida dela, com a Nina e a filha, ela está na melhor fase da vida dela e eu tenho certeza que ela vai mostrar isso na próxima luta, ela treina feliz, chega na academia feliz, está curtindo cada momento, tanto nos treinamentos como na vida pessoal”.
Cerca de três anos, a Primeiro Round bate na tecla do Apelo Midiático como forma de separar os “homens dos meninos”, parafraseando o locutor Rhodes Limas do Canal Combate. Ter Apelo Midiático vai abrir novas oportunidades para o atleta, que precisa entender que sua carreira na luta é mais do que treinar e lutar.
Veja o que o preparador físico Everton Oliveira entende sobre este tema:
“O atleta é o produto do evento. Nem sempre o atleta que mais vende é o mais talentoso. Os atletas precisam encarar isso, que não é só o esporte, é o business, e tem mais coisas envolvidas além disso. Vemos no UFC muito disso, atletas conseguindo conquistar lutas importantes através da auto promoção. É importante saber se posicionar e para quem quer ter uma carreira profissional é importante o atleta estudar inglês e quanto mais fluente o atleta for, mais fãs ele vai ter, inclusive na internet, que é um meio bastante forte. Quanto mais engajamento o atleta tiver, melhor. Quanto mais poder de influencia tiver, melhor. Não dá pra virar as costas para isso, o atleta tem que entender que sua carreira é uma empresa e tem que se dedicar nesta parte também”.
Além do Apelo Midiático, a Primeiro Round incentiva os atletas a buscarem entendimento sobre o trabalho mental. Não é de hoje que mantemos parceria com profissionais da área, como a psicóloga Marina Crovador, que é colaboradora em nosso site com colunas que também estão em nosso canal no You Tube para auxiliar os atletas a pensarem “fora da caixa”. Everton Oliveira entende da importância e também trabalha o psicológico do atleta:
“Indispensável para qualquer atleta que quer estar em um nível diferenciado. Hoje em dia a gente sabe que para ter bons resultados o atleta tem que ser um talento tecnicamente, tem que se dedicar e estar comprometido com os objetivos e tem que treinar muito forte. Mais um ponto que as vezes é negligenciado no esporte é a parte do trabalho mental, que é tão importante quanto o físico. Se o atleta não tiver sintonia da parte física quanto a parte mental, pode comprometer o resultado na hora da competição. Em um camp de um atleta de MMA, eles passam por momentos como se fosse uma montanha-russa, em termos de confiança, motivação, dúvidas, então se esse trabalho não for bem alinhado e bem desenvolvido, a performance dele pode cair. E isso tem que estar em consonância com o atleta e com todos os treinadores que estão junto com ele. Nós que estamos em contato com eles diariamente, sabemos das crenças, dos traumas, das dificuldades que eles passam. E isso tem que ser alinhado com o tipo de treinamento. Todo atleta tem que buscar um profissional para trabalhar essa parte do treinamento mental. E os treinadores também, precisam buscar entendimento nessa área”.
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