Na quarta-feira (28) começou os Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Ainda antes do início das competições, o Brasil tem motivos para comemorar. Em 14 edições em que o País enviou delegações, esta será a maior participação fora de casa. São 280 atletas, sendo 163 homens e 117 mulheres, número que fica abaixo apenas dos jogos do Rio de Janeiro (2016). Paris também marca uma evolução neste número desde o ano de 1972, primeira Paralimpíada com participação brasileira. O número de atletas neste ano é 14 vezes maior que a delegação que participou em Heidelberg, na então Alemanha Ocidental, quando somente 20 competidores participaram. Os dados são do Governo Federal e do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
Com esse cenário, os Jogos Paralímpicos têm recebido mais os olhares dos patrocinadores. Um exemplo é a companhia alemã Ottobock, que atua na pesquisa e produção de tecnologia assistiva (próteses e cadeiras para pessoas com deficiência). A empresa aposta em atletas que recebem o apoio com equipamentos de ponta para treinamento e competição. São os chamados embaixadores da empresa. No total, somente aqui no Brasil, a Ottobock investe 2 milhões de euros em nove atletas de alto rendimento, algo em torno de R$ 11,5 milhões. Destes, três estão em Paris em busca do pódio: Mariana Gesteira, da natação, Sabrina Custódia, do ciclismo, e Vinícius Rodrigues, do atletismo.
O diretor de academy da Ottobock na América Latina, Thomas Pfleghar, defende que uma empresa que atua na fabricação de tecnologia assistiva tem como objetivo devolver mobilidade e qualidade de vida para todas as pessoas com alguma deficiência. Além disso, uma competição tão importante como os Jogos Paralímpicos servem como forma de ampliar o conhecimento da população sobre o potencial que as pessoas com deficiência possuem. “Por isso investimos nesses atletas e acreditamos que eles podem ser porta-vozes para outras pessoas com mobilidade reduzida”, afirma.
A empresa também é uma das patrocinadoras dos Jogos Paralímpicos. Pfleghar acredita “que essa é a melhor forma de mobilizar a sociedade sobre como a tecnologia assistiva e o esporte podem mudar a vida de uma pessoa com deficiência”.
Presença feminina
O destaque nesta evolução nos jogos de Paris fica por conta também da participação feminina. O número de brasileiras na França supera a delegação feminina do Rio, em 2016, quando 102 atletas estiveram nas disputas por medalhas. Dessa forma, Paris tem a maior delegação de mulheres do Brasil e a maior equidade de gênero: elas representam 41,7% dos competidores verde e amarelo. Em Tóquio as mulheres eram 36,9% e no Rio eram 35,6%.
A evolução da participação feminina nos esportes paralímpicos é uma realidade, na opinião de Mariana Gesteira, da natação paralímpica. Ainda assim, para ela, a trajetória por equidade precisa continuar para que se confirme nas próximas competições, não apenas paralímpicas. “Eu sinto que temos cada vez mais espaço, que a gente vem crescendo e se mostrando mais forte e conquistando medalhas. Mas isso precisa de tempo, quebrar muitas outras coisas, no sentido de crenças e paradigmas”, analisa.
Mariana é carioca, mas treina em Vitória (ES). Na sua participação no ParaPan de 2023, em Santiago, a atleta garantiu quatro medalhas de ouro e uma de prata, além de ter batido sete vezes os recordes das competições. “A gente vem conseguindo evoluir na natação, mesmo com tanto tempo de competições. É muito gratificante, e isso me coloca cada vez mais na briga por medalhas em Paris”, afirma.
Visibilidade
Um dos maiores atletas do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos, Daniel Dias se aposentou das piscinas nos jogos de Tóquio. Ainda assim, está em Paris para acompanhar as competições desta edição. Para ele, as conquistas brasileiras e a maior participação dos atletas ajudam a aumentar a visibilidade dos jogos no país. “Na minha opinião, as Paralimpíadas ainda são menos conhecidas na comparação com as Olimpíadas. Mas hoje com as medalhas que a gente conquista, ficando entre os dez primeiros países no quadro de classificação, tudo isso dá mais vitrine ao movimento paralímpico e estamos conquistando nosso espaço”, afirma.
Desde os primeiros jogos dos quais Daniel participou, em Pequim (2008), o paratleta identifica uma evolução do esporte para pessoas com deficiência. “Eu vejo um crescimento orgânico. As nossas conquistas vieram mostrar o valor do esporte adaptado. Hoje já temos credibilidade grande e as pessoas já conhecem mais sobre o esporte paralímpico, as modalidades, suas diferenças e os competidores”, analisa.
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