Lucas Pinheiro vence Brasileiro No Gi da CBJJ e dedica título ao amigo Leandro Lo: “ele me ajudou muito”

Tricampeão Pan-Americano No Gi, Lucas Pinheiro fez bonito no Brasileiro de Jiu-Jitsu Sem Kimono da CBJJ, que aconteceu no último domingo (14) no Rio de Janeiro. O manauara teve uma performance quase perfeita ao derrotar três adversários e não sofrer nenhum ponto na competição. Radicado em San Diego, na Califórnia, o faixa-preta da Atos Jiu-Jitsu estava treinando há cinco semanas com os atletas da equipe que estão se preparando para o ADCC, que acontece em setembro em Las Vegas, Estados Unidos. Diante do bom rendimento no treinamento, ele decidiu que era hora de fazer a sua estreia no Brasileiro de Jiu-Jitsu como faixa-preta.

“O Brasileiro era um evento que eu nunca tinha lutado na faixa-preta. Nem de kimono e muito menos sem kimono. Eu estava me sentindo muito bem preparado e achei que era hora de participar do evento. Estou treinando há cinco semanas sem kimono, ajudando alguns amigos da academia que vão lutar o ADCC. A Atos é a equipe com o maior número de atletas no ADCC, então o treino está sendo muito intenso. E isso me ajudou muito para o Brasileiro No Gi. Tive uma grande performance, não levei nenhum ponto. Estou muito feliz com o trabalho físico, técnico, nutricional e psicológico que estou fazendo”, disse Lucas, que agora vai em busca de completar o grand slam sem kimono da IBJJF.

“Eu já ganhei três vezes o Pan-Americano No Gi e agora o Brasileiro No Gi. O meu próximo objetivo é lutar o Europeu No Gi e depois o Mundial No Gi. E vou lutar o Pan No GI novamente esse ano. Quero fechar o ano conquistando todos os torneios mais importantes sem kimono da IBJJF. Eu sei que eu tenho potencial para isso, sei o quanto estou treinando e me dedicando para isso”, garantiu.

Título dedicado a Leandro Lo

Lucas Pinheiro fez questão de dedicar o título do Brasileiro No Gi ao amigo Leandro Lo, que foi assassinado há duas semanas em São Paulo. Lucas conheceu o multicampeão mundial em 2011 durante uma seletiva do World Pro em Gramado. Na ocasião, ele fez a final do peso e do absoluto contra o João Miyao, que era parceiro de treinos de Lo. João venceu as duas na decisão dos juízes, mas a atuação de Lucas chamou a atenção de Leandro e do seu professor Cícero Costha, que o convidaram para treinar em São Paulo.

“Assim que acabou a luta eles vieram falar comigo e disseram que eu era brabo demais, que ninguém nunca tinha lutado contra o João da forma que eu lutei. A partir dali começamos a criar uma amizade e o Cícero me convidou para treinar na academia dele. Eu decidi me mudar para São Paulo e passei a treinar com eles. O Leandro me ajudava muito. As vezes eu não tinha dinheiro para comer e ele levava eu e outros atletas para comer e pagava tudo. Ele levava a gente para shopping, para restaurante e pagava tudo, pois sabia que a gente não tinha dinheiro. A felicidade dele era ver a gente feliz”, relembrou Lucas, que teve na figura de Lo à sua grande inspiração na arte suave.

“Eu fiquei quatro anos no Cícero e conviver com ele todo esse tempo foi muito bom, eu aprendi muito. Ele só treinava com os caras mais duros e sempre começava nas posições mais difíceis. Ele foi uma inspiração pra mim. Ver ele treinar, se dedicar e chegar onde chegou, me inspirou muito. Tivemos uma relação muito boa, ele foi várias vezes para Manaus e a gente se divertiu bastante. Conheci a família toda dele também. Quando eu soube da morte do Leandro, eu fiquei muito mal. Para ser sincero, até hoje eu não consigo dormir direito. Eu penso nele o tempo todo. Foi muito triste o que aconteceu, mas me sinto um privilegiado de ter convivido e treinado com ele por tanto tempo”.

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