Especialista esclarece como a parada cardiorrespiratória pode levar à morte cerebral

O zagueiro uruguaio Juan Manuel Izquierdo, do Nacional, faleceu ontem (27/8), após sofrer uma parada cardiorrespiratória durante uma partida no Estádio do Morumbi, na última quinta-feira. O jogador foi socorrido em campo e transferido para o hospital, mas não respondeu aos tratamentos e foi declarada a morte encefálica. Especialista em medicina legal esclarece as causas de uma parada cardiorrespiratória e como ela pode levar à morte encefálica.

De acordo com o boletim médico divulgado pelo Hospital Albert Einstein, o óbito foi em decorrência de morte encefálica após uma parada cardiorrespiratória associada à arritmia cardíaca. Caroline Daitx, médica especialista em medicina legal e perícia, explica que é a cessação completa e irreversível de todas as funções cerebrais, incluindo o tronco encefálico. Trata-se de um diagnóstico rigoroso que envolve critérios clínicos e exames complementares. “O diagnóstico de morte encefálica começa com a comprovação de uma causa conhecida e irreversível da falência cerebral, seguida de um exame neurológico completo que demonstra ausência de atividade cerebral, incluindo a falta de reflexos do tronco cerebral e a ausência de respiração espontânea. Testes confirmatórios, como o eletroencefalograma (EEG) ou o doppler transcraniano, podem ser usados para verificar a ausência de fluxo sanguíneo cerebral”.

A médica esclarece que durante uma parada cardiorrespiratória, o fluxo de oxigênio para o cérebro é interrompido, e se não revertido rapidamente, leva à morte das células cerebrais. “Após alguns minutos sem oxigênio, o dano cerebral pode ser permanente. Se a circulação não for restabelecida, a morte encefálica é inevitável”, enfatiza.

A morte repentina do jogador levanta preocupações sobre os riscos cardíacos em atletas de alto rendimento. Daitx destaca que condições como cardiomiopatia hipertrófica, arritmias genéticas e miocardite são causas comuns de paradas cardíacas em atletas que, muitas vezes, passam despercebidas em exames médicos convencionais. “Essas condições podem estar presentes sem sintomas evidentes e só se manifestam durante atividades físicas intensas, como uma partida de futebol”, alerta.

O fato ocorrido reforça a importância de avaliações médicas detalhadas e contínuas para atletas, além da necessidade de desfibriladores automáticos em estádios e centros esportivos. “A triagem para doenças cardíacas deve ser rigorosa e constante, especialmente para atletas envolvidos em esportes de alta intensidade. Além disso, o acesso rápido a desfibriladores pode ser crucial para salvar vidas em situações de emergência”, enfatiza a médica.

Sobre a existência de desfibriladores em estádios, vale lembrar a trágica morte do jogador Serginho, do São Caetano, em2004, no mesmo estádio e pelo motivo, uma parada cardiorrespiratória fatal durante uma partida. Após esse incidente, passou a ser obrigatório a existência de desfibriladores e ambulâncias em todos os estádios de futebol do Brasil em dias de jogos.

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